No coração da localidade de Muindi, distrito de Mecúfi, província de Cabo Delgado, Daudo José, de 34 anos, iniciou sua jornada empreendedora com uma simples bacia de pescado. Sem balança, sem registos e com recursos limitados, ele vendia cerca de 30 kg de mariscos por dia — um esforço diário que sustentava a sua família e alimentava a sua esperança.
Com o apoio técnico e acompanhamento do programa AgroVida – implementado pela Gapi, em parceria com a h2n, SmartFarming e Thirdways Partners, ADPP sob coordenação da Fundação Aga Khan e financiamento do Reino dos Países Baixos – Daudo participou de 12 sessões de formação e 7 sessões de coaching entre julho de 2024 e maio de 2025. Os temas abordados incluíram: (i) literacia e educação financeira; (ii) empreendedorismo e gestão de negócios; e (iii) controle de stock, fluxo de caixa e estratégias de marketing. Essas intervenções foram decisivas para a profissionalização do seu negócio.
Antes da intervenção do programa AgroVida, Daudo José operava seu negócio de forma bastante rudimentar. Vendia cerca de 30 kg de pescado por dia, utilizando uma pequena bacia conhecida localmente como “lava mão”. Não havia balança para medir os produtos, nem qualquer tipo de registo financeiro ou controle de stock. Ele trabalhava sozinho, sem colaboradores, e seu mercado estava restrito à comunidade local.
Com a chegada das formações e sessões de coaching, Daudo passou por uma verdadeira revolução empresarial. Aprendeu a usar ferramentas de gestão, como fluxo de caixa, registo de entradas e saídas, cálculo de custos e lucros e estratégias de marketing. Hoje, seu negócio movimenta cerca de 500 kg de pescado por dia, utilizando balanças para garantir precisão nas vendas. Ele conta com cinco colaboradores, incluindo sua esposa, o que demonstra um crescimento inclusivo e familiar.
Além disso, Daudo expandiu o seu mercado para a cidade de Pemba e já vislumbra alcançar outros distritos da província. O uso da balança e o registo financeiro tornaram-se práticas comuns, elevando a qualidade e a credibilidade do seu negócio. O aumento das vendas foi significativo, e ele agora compra pescado de pequenos pescadores organizados em associações, fortalecendo a cadeia produtiva local.
Essa evolução não apenas melhorou a sua renda, mas também posicionou Daudo como um exemplo de resiliência. Mesmo após o ciclone Chidu, que destruiu a sua casa e deixou a sua família ao relento, Daudo não desistiu. Continuou a trabalhar, adaptando-se às circunstâncias e mantendo viva a sua actividade comercial — um verdadeiro exemplo de resiliência e compromisso com o progresso.
“Apesar das adversidades e mudanças climáticas que em parte contribuíram para regressão do meu negócio e dos bens que conquistei ao longo desses anos da minha vida, tenho notado uma diferença no meu negócio. Tenho a dizer: valeu a pena os ensinamentos que tenho recebido, me ajudam a conduzir meus sonhos.” — Daudo José.
