Há cada vez mais jovens a investirem em negócios próprios, mostrando que empreender deixou de ser exclusividade para grandes empresas. A busca por autonomia e inovação tornou-se um movimento crescente, especialmente entre quem deseja transformar ideias em empresas sustentáveis.
É nesse contexto que em 2018 inicia a concretização do sonho de Ussene Fakir, o de abrir uma empresa dedicada ao fornecimento de material de construção na Matola-Rio.
Ussene Fakir começou o negócio com cem sacos de cimento e actualmente vende mais de dois mil por dia
Arrancou com um pequeno estaleiro, em casa, com apenas cem sacos de cimento. Manteve o estabelecimento no local por quatro meses. Não ficou satisfeito com o nível de vendas, daí que decidiu se mudar para um lugar estratégico, onde era possível ter mais clientes, ainda na Matola-Rio.
Volvidos sete anos de actividade, já conta com dois estaleiros, por dia chega a vender cerca de dois mil sacos de cimento, mais tantos ferros, entre outros materiais, e garantiu emprego fixo de 19 jovens.
Ussene Fakir faz parte de um grupo de mais de cem jovens da província de Maputo cujos projectos contam com o financiamento e assistência da GAPI, instituição financeira de desenvolvimento. Entusiasmado com os resultados, tem plano de abertura do terceiro estaleiro, bem como abraçar o ramo imobiliário. Para este segundo projecto já tem dois terrenos.
Quem tem experiência idêntica é Claiton Malhanguene, proprietário da empresa MISDOM, vocacionada à formação através de cursos de curta duração em Educação de Infância; Inglês; Informática; Secretariado; Electricidade; Beleza e Estética, no município da Matola.
Iniciou com um centro, em 2020, actualmente, com o financiamento da Gapi, tem dois, com um efectivo de 11 formadores. Malhanguane sonha em abrir outros dois.
“O projecto surge com objectivo de ajudar os próximos a formarem-se para se inserirem no mercado de trabalho. Começamos com cerca de 70 formandos e agora temos mais de 500. No próximo ano vamos introduzir mais três novos cursos”.
José Maposse é proprietário de um salão de beleza feminina, na Matola, onde presta vários serviços, destaque para manicure e pedicure.
Abraçou o negócio numa altura em que era estranho ver um indivíduo de sexo masculino a prestar serviço de beleza feminina. Enfrentou as adversidades e com um financiamento conseguiu montar dois estabelecimentos no município da Matola.
“Estou satisfeito porque tenho transmitido os meus conhecimentos a mais pessoas. Já formei dez. Mesmo com a concorrência consigo um número de clientes satisfatório. Mas ainda não estou realizado, porque ainda não concretizei o sonho de ter quatro estabelecimentos.”
Joana Calade nasceu numa família de agricultores e muito cedo interessou-se em se formar para aprofundar os conhecimentos neste ramo e licenciou-se em Agronomia. Juntamente com a mãe abriu uma machamba numa área de dois hectares, onde produz vários produtos, destaque para hortícolas, tubérculos, milho e feijões no distrito de Boane.
A família Calade abastece 10 estabelecimentos com a produção agrícola
Beneficiou, recentemente, de um financiamento para a montagem do sistema de rega. Com este projecto garantiu o emprego de três pessoas, dos quais um extensionista que ajuda a manter a qualidade da produção.
Sente-se satisfeita porque tem o mercado garantido. Sonha em aumentar as áreas de produção, visto que a demanda é maior.
“Estou a atender dez estabelecimentos. Nos próximos anos vou introduzir novas culturas de forma escalonada”.
Na Matola-Rio, domingo entrevistou um jovem universitário e avicultor Stélio Alfredo. É licenciado em Informática, mas é na produção e venda de ovos que prefere apostar, pois os resultados são animadores. Está nos primeiros meses no negócio, e por dia produz cerca de 170 ovos. Com financiamento conseguiu comprar galinhas usadas para chocar os ovos, bem como melhorar as capoeiras. Não pensa em largar o negócio e já tem o plano de construção de outras capoeiras e comprar novas galinhas.
126 EMPREENDEDORES FINANCIADOS
Cerca de 126 projectos beneficiaram de financiamento da GAPI, cujo objectivo é ajudar na melhoria das condições sócio económica nas comunidades. Trata-se de jovens que estão a investir em diferentes áreas como agricultura, avicultura, formação, entre outros.
Para o efeito, os abrangidos passam de uma formação sobre gestão de negócio, onde aprendem noções de Marketing, como se posicionar os negócios, custos, entre vários instrumentos.
Segundo Edwina Ferro, coordenadora-geral do projecto Nhluvuko, os financiamentos variam entre 250 mil a um milhão de Meticais, além de assistência técnica.
“O projecto Nhluvuko é de cinco anos, estamos no segundo. Este ano, 53 por cento dos beneficiários na formação foram mulheres, houve crescimento em comparação ao ano passado, em que tivemos 40 por cento. Do total dos fundos, 64 por cento foram canalizados para iniciativas de mulheres.”
Por Abibo Selemane
Publicado no Jornal Domingo, edição 1102, 2025.






			