Agricultores criam microbanco para financiar campanha agrícola

– programa de finanças rurais promovido pela Gapi

Um grupo de 480 produtores associados à API (Associação dos Produtores Ikuru) de Nampula pouparam e investiram 480 mil Meticais para criar uma Organização de Poupança e Empréstimo (OPE), com vista a suprirem as dificuldades que enfrentam no acesso ao financiamento da campanha agrícola. A Gapi tem vindo a trabalhar com estes agricultores para a organização desta instituição micro-financeira capaz de prestar serviços focados na transformação da agricultura de subsistência em agricultura comercial.

“Já mobilizámos 480 mil meticais para iniciarmos a constituição da OPE. Cada membro contribui com 1000 Mts. A nossa meta é atingirmos nesta fase inicial, 500 produtores, quer dizer, meio milhão de meticais. Só faltam vinte mil Meticais. Vamos chegar lá na próxima semana” informouo presidente da API, Orlando Iovahanle.

Iovahanle explica ainda que “nesta fase inicial a OPE vai abranger oito distritos onde é maior o potencial de culturas de rendimento e os nossos agricultores são mais fortes, quer dizer, cultivam mais de 1 hectare”. Os distritos prioritários são Malema, Ribaué, Mecubúri, Monapo, Mogovolas, Morrupula, Angoche e Moma.

Os membros querem apostar mais nas culturas de gergelim, amendoim, soja e talvez feijão-boer, porque essas têm melhor mercado. Há outras culturas, mas temos de saber cultivar para fazer negócio e poder pagar o crédito e ganhar rendimento para a família” – acrescentou Iovahanle.

Presidente da API, Orlando Iovahanle

O modelo de actuação deste microbanco está a ser desenhado com apoio da Gapi que, como instituição financeira de desenvolvimento concebeu e está a promover “um negócio triangular” que envolve a empresa comercial Ikuru, a associação de produtores e a OPE-API.

A Ikuru assegura a disponibilização de sementes melhoradas, o processamento e a comercialização, a API presta assistência técnica aos membros e a OPE-API é responsável pelo financiamento individual aos  membros.

Com a assistência técnica da Gapi, os agricultores esperam submeter ao Banco de Moçambique o pedido de licenciamento da sua OPE dentro das próximas três semanas. A sua base será nos arredores de Nampula e estão a remodelar um contentor para funcionar como instalação sede. A Gapi está a trabalhar com parceiros tecnológicos para que a maior parte das transacções deste microbanco funcione na base de sistemas digitalizados via internet, o que inclui a formação de jovens filhos de agricultores para trabalharem com sistemas informatizados.

A Ikuru foi constituída pela Gapi há mais de uma década em parceria com 27 foros que abrangem dezenas de associações de aldeia onde participam cerca de 15 mil agricultores de pequena escala. A API é hoje o representante destes produtores na estrutura accionista da Ikuru. O projecto de constituição da Ikuru-sociedade comercial, teve por objectivo criar condições para que os produtores familiares tivessem uma empresa que assegure a comercialização dos seus produtos a preços justos” – esclareceu o gerente da Delegação da Gapi em Nampula, Salomão Chaile.

A Ikuru é um modelo de organização que contribui para o desenvolvimento rural através da modernização da agricultura e fomento das finanças rurais. Este modelo atraiu investidores sociais que se tornaram accionistas, como a organização norueguesa NorgsVeld e a francesa SIDI”- acrescentou Chaile.

O papel da Ikuru como modelo para abranger os quase 4 milhões de agricultores familiares que existem no país tem merecido a atenção de programas do Governo, nomeadamente o Instituto de Cereais de Moçambique, através da Linha de Crédito à Comercialização Agrícola e, mais recentemente, do Sustenta, que deu um contributo para a instalação de uma unidade de conservação  de sementes melhoradas.

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